Tem dia que simplesmente me canso. De mim mesma. É o pior dos cansaços. Não dá pra dar uma corridinha de mim, não dá pra se esconder, desistir ou enfrentar. Simplesmente suporto. Suporto a minha ridícula melancolia que me puxa um pouco além do fundo do poço, a minha solidão que se faz a pior das companhias, a minha vontade de não ser. Seria mais fácil não existir, cansaria menos, exigiria menos. Existir cansa. Ter que viver com a minha existência então, me deixa exausta.
Odeio esses dias de tempestade. Tempestade de sentimentos que me puxam de volta pro lugar que eu demorei tempo demais pra conseguir sair. Que alaga tudo, me deixa ilhada, sozinha, revoltada. Quero nadar de volta pra não me afogar, mas a correnteza parece forte demais. Cansa. Percebo que não adianta lutar. Deixo me levar por essas águas. É só por um tempinho, logo o tempo se abrirá de novo. Acontece toda vez.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
O conflito de ser só [eu e ela]
A solidão e eu sempre temos sérios conflitos pra ver quem engole
quem primeiro. Ela aperta o coração, eu
seguro o choro. Eu me sinto pequenininha enquanto ela se faz um monstro gigante. Ela ri da minha cara, mas eu faço dela inspiração. Ela quer ser minha única companhia, só que ela é a única companhia
que eu não quero. Sempre que ela chega eu fico me perguntando quanto tempo vai
ficar: o bastante para ela me engolir ou o suficiente para eu engoli-la?
terça-feira, 29 de julho de 2014
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Quanto pesa a opressão que você sofre?
Você já sentiu o peso de uma opressão? Você, homem, branco, hetero, cis, de classe média, que está mais ou menos dentro dos ditos padrões de beleza, talvez não. Você é um privilegiado e provavelmente nem saiba. Pois é, soa até ridículo, privilegiado por ser – ou nesse caso por não ser. Não digo aquela opressão escancarada da agressão verbal ou física. Falo de uma ainda mais pesada, aquela
silenciosa.
Ultimamente tenho sentido esse peso me sufocando como nunca antes tinha me dado
conta. O peso dos olhares que parecem me acompanhar pelas ruas, até dos
pensamentos que parecem se escancarar em rostos desconhecidos e opressores, aqueles
que nos fazem abaixar a cabeça pra evitar, pra se esconder, aqueles que nos
fazem nos sentir menor. Me sinto um produto desfilando pelas ruas para ser cobiçado,
me sinto perdendo minha identidade, me sinto impotente, conformada. Isso tudo
só porque sou mulher. Ainda que sou branca, hetero, cis, de classe média, não estou
extremamente fora do “padrão de beleza”, de forma que me sinto até
desconfortável dizendo que sou oprimida. Quanto pesa ser uma mulher negra,
homossexual, trans, pobre, fora desses infames padrões? Como aguentar esse peso
invisível que esmaga, arrebenta, dilacera e diminui um ser humano? Não é só um
olhar, não é só uma cantada, não é só um comentário, não é só uma atitude, é um
fardo imenso que depositam sobre mulheres, homossexuais, pobres entre
outros chamados errônea e injustamente de “minorias”. Pesos que depositamos uns
sobre os outros: somos oprimidos, mas oprimimos também. E com que direito?
Quanto pesa a opressão que você sofre?
Quanto pesa a opressão que você sofre?
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