Você já sentiu o peso de uma opressão? Você, homem, branco, hetero, cis, de classe média, que está mais ou menos dentro dos ditos padrões de beleza, talvez não. Você é um privilegiado e provavelmente nem saiba. Pois é, soa até ridículo, privilegiado por ser – ou nesse caso por não ser. Não digo aquela opressão escancarada da agressão verbal ou física. Falo de uma ainda mais pesada, aquela
silenciosa.
Ultimamente tenho sentido esse peso me sufocando como nunca antes tinha me dado
conta. O peso dos olhares que parecem me acompanhar pelas ruas, até dos
pensamentos que parecem se escancarar em rostos desconhecidos e opressores, aqueles
que nos fazem abaixar a cabeça pra evitar, pra se esconder, aqueles que nos
fazem nos sentir menor. Me sinto um produto desfilando pelas ruas para ser cobiçado,
me sinto perdendo minha identidade, me sinto impotente, conformada. Isso tudo
só porque sou mulher. Ainda que sou branca, hetero, cis, de classe média, não estou
extremamente fora do “padrão de beleza”, de forma que me sinto até
desconfortável dizendo que sou oprimida. Quanto pesa ser uma mulher negra,
homossexual, trans, pobre, fora desses infames padrões? Como aguentar esse peso
invisível que esmaga, arrebenta, dilacera e diminui um ser humano? Não é só um
olhar, não é só uma cantada, não é só um comentário, não é só uma atitude, é um
fardo imenso que depositam sobre mulheres, homossexuais, pobres entre
outros chamados errônea e injustamente de “minorias”. Pesos que depositamos uns
sobre os outros: somos oprimidos, mas oprimimos também. E com que direito?
Quanto pesa a opressão que você sofre?
Quanto pesa a opressão que você sofre?
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