quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Quanto mais você aguenta?

Ele chegou. Perturbando-me, como sempre. Me tirando do eixo. Fico querendo que vá embora logo. Alguma coisa acontece na minha vida quando ele chega que eu não sei explicar direito, eu não sei sentir direito. Tudo vira desespero, angústia, ansiedade. As lembranças que eu pensava ter enterrado voltam a tona, os medos que eu queria ter superado invadem-me. Eu sei que quando ele chega é hora de mudança, querendo eu ou não. As coisas vão mudar. Radicalmente em algumas das vezes, sutilmente em outras.
É até ridículo. Ridiculamente inconveniente o modo como ele vira tudo de cabeça pra baixo: o que era certo se esvai e o inexistente me preenche. Me incomoda porque tudo fica muito confuso e qualquer problema parece dobrar de tamanho. Eu só quero que ele passe logo, não gosto da sua presença, porque fins me perturbam. E ele é o pior dos fins: traz arrependimentos, insatisfações, sonhos que não se concretizaram...depois faz a gente vestir roupa branca, por um sorriso no rosto, assim como se tudo tivesse sido perfeito, agradecer e prometer tudo de novo.
Não gosto do fim do ano porque ele faz questão de demorar, arrastar-se provocativamente. Quanto mais você aguenta? Parece debochar da minha inquietude. Ele fica esperando o momento que eu vou me render, entregar o jogo. Eu fico simplesmente tentando aguentar. Me consola saber que quando ele passar vem a parte que eu tanto desejo: o começo.
Porque a gente têm que passar pelo fim pra voltar pro começo?

Um comentário:

rocarneiro disse...

Se te consola, geralmente eu sinto o mesmo. Uma frustração. Um certo desespero por ter chegado o final do ano de forma absurdamente rápida, e ainda por cima acelerada pelo comércio, que insiste em querer começar o fim do ano no começo de outubro. Tantas coisas a fazer, tantas coisas ainda não resolvidas. E pra piorar, ainda vem a Simone perguntando: "O que você fez?"
Mas este ano não. Este ano foi diferente. Muitas coisas boas aconteceram, e termino este ano com uma sensação de plenitude. Acho que o segredo deve ser esse: faça as coisas acontecerem. Ame, sorria, crie, edifique, plante, colha e chore, se preciso. E então você poderá responder à pergunta da Simone.
Happy New Year!!!