quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A moça em cima do prédio

Sua música feliz já não lhe fazia mais tão feliz. Seu porto seguro já não parecia assim tão seguro. Toda a sua vontade de fugir também já não era o sufiente para impulsionar uma disparada. Aqueles que lhe fazim rir já não estavam mais por perto. A mais profunda palavra de carinho e motivação não lhe convencia mais. O seu hobby favorito já não lhe dava mais prazer. A bebida, a musica, a festa não lhe atraiam mais.
 Bebia e se arrependia. Comia e passava mal. Deitava e já não dormia. Fingia e não convencia ninguém. Queria chorar e as lágrimas tinham acabado...achou que provavelmente havia um limite de choro e que há muito já havia estourado o seu. 
 Gritar pra quem? Por que? Dizer o que? Não sabia se existiam palavras para aquilo que lhe apertava o peito e tampava a garganta. Não conseguia se fazer entender, nem tão pouco se entendia a si própria. Pedir que alguém sofresse a sua loucura lhe parecia demais. Loucura exagerada só podia ser. É o que esperava que fosse.
 Mas ali de cima do prédio isso já não importava tanto. Seus pés já estavam metade pra fora...a vista da rua lá em baixo parecia lhe chamar. Pular sim seria loucura...isso pelo menos ela tinha certeza. Mas e se de repente ela caisse sem querer? Escorregar ali naquele meio chão embaixo de seus pés lhe parecia muito provável. Vai que de repente o vento batesse mais forte e a leva-se com ele. Teria ela essa sorte?

Um comentário:

Thays disse...

Gostei! Não há o que dizer, apenas afirmo, gostei muito. Por favor, continue. ^-^